DEA-FAUFBA: dos Estudantes de Arquitetura!

1. Considerações Gerais.


A universidade pública brasileira é a principal instituição responsável pelos melhores cursos de graduação, pós-graduação e pela quase totalidade da pesquisa científica e tecnológica do país. Esta afirmação é a porta de entrada obrigatória para qualquer discussão sobre a sua constituição e evolução. Salvo exceções vindas da iniciativa privada, é nela que se formam os melhores profissionais e a vasta gama de técnicos, cientistas e profissionais liberais do país.
É indispensável lembrar que o futuro do Brasil depende essencialmente da qualidade nos três ciclos de educação e que entre os três é o superior que tem se saído melhor. E que a universidade pública brasileira é uma realidade duramente construída com o trabalho de gerações de brasileiros - um imenso patrimônio da nação a ser preservado com o devido cuidado.

Apesar do seu reconhecimento, sabe-se também que é uma instituição que atua de forma desigual e heterogênea pelo vasto território nacional, desempenhando papel fundamental para o desenvolvimento do espaço / região onde está inserida. Interferência que vai muito além de aspectos vinculados à inovação tecnológica, traz o caráter de centro de formação cuja tarefa primordial é educar e preparar inteligências que, nos diferentes campos de ação da sociedade, possam gerar conhecimento, produzir riqueza e contribuir mais efetivamente para a solução dos graves problemas sociais brasileiros.

Neste contexto situa-se a Universidade Federal da Bahia, onde a Faculdade de Arquitetura está inserida produzindo ensino pesquisa e extensão, sendo considerada e qualificada por resultados obtidos nos processos oficiais de avaliação produzidos pelo MEC, CAPES, dentre outros. Neste sentido, respeitando a pluralidade, entendendo-a como condição favorável à criação de novas idéias e ao mesmo tempo a possibilidade de retomada de experiências bem sucedidas, apresenta-se para a FAUFBA uma proposta de trabalho que tem como princípio o diálogo e o trabalho participativo, em busca da integração entre os três segmentos: corpos discente, docente e de técnicos administrativos.
Reitera-se assim como função central da Universidade a produção do conhecimento, de idéias e de cidadãos - papel que alia pesquisa, ensino e extensão; ações estas integradas que respondem pela produção do conhecimento e de inteligências necessárias para o desenvolvimento do país, e que, ao mesmo tempo, favorecem a processos de auto-reflexão sobre as suas práticas e peculiaridades pedagógicas dos seus cursos, constituindo assim espaço para processos sistemáticos de avaliação, correções, ajustes e reformulações.
Entende-se também não importar muito o modelo de Universidade posto ou que possa vir a ser adotado - o importante é ter infra-estrutura material e humana competente, motivação para produção de qualidade, abertura para novas experiências, avaliação continuada e convicção de contribuir com um trabalho essencial para o país.
A proposta aqui apresentada apenas delineia posturas e estabelece princípios que deverão nortear futuras condutas administrativas da FAUFBA. Portanto, torna-se necessário adequar cada ação às circunstâncias do momento, considerando as instâncias regimentais de decisão e, nas questões polêmicas, a consulta à comunidade (discentes, docentes e técnico-administrativos). Neste sentido, os tópicos levantados se apresentam como planos de ação organizados segundo relações de abrangência, a saber: articulação externa; fortalecimento e consolidação da produção da FAUFBA e infra-estrutura adequada e questões gerais.
2. Plano de Ação.

a) Articulação externa.

Projetar as ações da Faculdade para o espaço externo e ampliar articulações, tais como:
- Estabelecimento do debate sistemático e continuo sobre questões da arquitetura e urbanismo da produção local, nacional e internacional, por meio de programações prévias, mensais ou quinzenais, tipo: "arquitetura no cinema", ou "palestras na FAUFBA".
- Maior aproximação com o IAB, CREA, ANPUR, dentre outros institutos, conselhos e associações, com vistas a traçar estratégias de ação em defesa da discussão e de maior participação nas definições da arquitetura e urbanismo local, nacional e internacional.
- Maior atenção e maior aproximação com instâncias de financiamento (MEC, ação junto a parlamentares do escalão estadual e federal, agências de fomento a pesquisa e extensão, dentre outros), no sentido da captação de recursos que possam ser revertidos em melhoria de infra-estrutura da FAUFBA.
- Criar Núcleo de Ex-alunos da FAUFBA, como forma de aproximação da visão externa na produção da FAUFBA.
- Estimular a criação de grupos de alunos com supervisão para o desenvolvimento de atividades de arquitetura pública ou de interesse social.
- Buscar articulação entre a FAUFBA e Centros de excelência correlatos no país e no exterior.
- Propiciar articulação entre a Faculdade e as diversas Unidades e Setores da UFBA.
- Participar de programas como PET – Programa de Ensino Tutorial, no sentido articular programas diversificados de ensino e atividades de extensão, com incentivo de bolsa.
- Orientar e participar de programas tipo “Permanecer”, propiciando bolsa-auxílio ao estudante carente, revertendo-a em apoio à sala de informática de usuários, atualização de acervo da Biblioteca, dentre outros serviços acadêmicos.

b) Fortalecimento e consolidação da produção da FAUFBA e infra-estrutura adequada.

- Apoiar os Departamentos e Colegiados de Curso, no sentido da melhoria da formação e qualificação produzida na FAUFBA e pela definição de uma organização da administração acadêmica que possa refletir funcionamento eficaz articulado aos cursos, às atividades de pesquisa e extensão adequadas a uma instituição pública universitária.
- Estimular e apoiar a atividades acadêmicas e culturais promovidas pelo DEA – Diretório de Estudantes de Arquitetura.
- Apoiar e promover, junto com os Colegiados, Departamentos e DEA, avaliações periódicas dos respectivos cursos.
- Constituir o diálogo constante com o corpo administrativo da FAUFBA buscando propiciar melhores condições de trabalho, com vistas ao bom funcionamento dos setores e eficiência na prestação de serviços e da satisfação do espaço acadêmico. Para tal, faz-se necessário promover seu corpo técnico pela formação, atualização e creditação com co-responsabilidade pela produção dos setores.
- Desenvolver e estimular iniciativas que apontem para a criação de espaços propícios à produção e disseminação do conhecimento e da cultura em processo de construção de formação sólida, responsável e eficiente.
- Incentivar a exposição de trabalhos acadêmicos de projeto e das disciplinas em geral, do TFG, das pesquisas e atividades de extensão, concursos internos, debates e premiação.
- Buscar uma maior integração entre atividades de ensino, pesquisa e extensão, função essencial de instituições públicas de ensino superior.
- Estimular ações conjuntas entre os cursos de graduação e pós-graduação (stricto sensu e lato sensu).
- Buscar condições para construção das oficinas e laboratórios experimentais de projeto, salas de aula, salas de TFG, salas de exposição e guarda de material, gabinetes e salas de trabalhos para docentes e pessoal técnico-administrativo e salas de convivência.
- Recuperar de forma continuada o acervo bibliográfico da FAUFBA e o sistema de atualização, cadastro informatizado, buscando pleno funcionamento da sua biblioteca.
- Investir na recuperação da sala supervisionada de informática com máquinas e programas atualizados, para o corpo discente da FAUFBA.
- Investir em equipamentos multimídia ou equivalentes para realização de aulas, defesas de TFG e palestras em geral.

c) Questões Gerais.

- Discutir a otimização plena dos espaços da FAUFBA.
- Retomar a discussão do curso de Arquitetura e Urbanismo noturno, como medida de maior inclusão social, alternativa para o aluno trabalhador, e melhor otimização do espaço da FAUFBA.
- Buscar recursos para manutenção e recuperação do espaço físico geral da FAUFBA, suas edificações, jardins e estacionamentos.
- Possibilitar o retorno ao jornal on-line semanal ou quinzenal da FAUFBA para melhor divulgação das principais atividades culturais promovidas pela comunidade.
- Promover atividades de confraternização entre a sua comunidade.
- Nas decisões consideradas polêmicas, constituir, a critério da Congregação, comissão técnica de apuração composta pelas três categorias da comunidade universitária para apurar e dirimir questões que possam instruir procedimentos.

2) Considerações finais.

Esta proposta de administração para a Faculdade de Arquitetura significa, além de um compromisso profissional, um envolvimento pessoal de vida cotidiana edificado por mais de trinta anos entre os diversos momentos do exercício discente e docente, muitas vezes concomitantes, acreditando na possibilidade de construir algo efetivo na formação e produção da Arquitetura e Urbanismo, assim como experimentar, renovar e aplicar novas práticas pedagógicas nos espaços do exercício acadêmico. Satisfação esta alimentada a cada momento em que a produção da FAUFBA e dos seus ex-alunos tem reconhecimento por centros de excelência nacionais e internacionais.

Entende-se assim como fundamental renovar procedimentos, constituir comissões que articulem questões de ensino, de pesquisa e de extensão, estabelecer permanente contato entre a comunidade acadêmica e a sociedade, manter procedimentos de atualização sistemática, estimular a novos projetos, o debate acadêmico e a articulação entre áreas. Ou seja, buscar reproduzir na rotina da FAUFBA uma dinâmica adequada ao que se entende como essencial a uma instituição de ensino superior.

Enorme é a responsabilidade dos estudantes nos processos de renovação administrativa da Faculdade; para isso torna-se desejável o real engajamento dessa categoria à rotina da FAUFBA. A participação discente nas principais deliberações da comunidade e as suas representações nas instâncias da estrutura acadêmica, sem sombra de dúvida será fundamental ao surgimento de novas dinâmicas e se constituirá como elemento propulsor para elevação da produção da Faculdade. Afinal de contas, é o aluno o principal ator do processo, sem o qual dificilmente alguma medida terá ressonância e uma adequação correspondente a interesses e necessidades universitárias.

Estas são algumas considerações que expressam mais do que uma proposta de política acadêmica, mas um desejo de ter a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia incluída entre reconhecidos centros de excelência e ser uma das responsáveis pela promoção da educação e cultura brasileiras.

Salvador, 2007-06-20.


Solange Souza Araújo
Professora Doutora - Adjunto IV.